Empresas que vendem artigos de luxo, vestuário, alimentos e carros de alta gama começam a recorrer a esta tecnologia para garantir a rastreabilidade e autenticidade de seus produtos. Por que essa ferramenta coloca em xeque a pirataria online?
Geralmente, costuma-se associar o blockchain às criptomoedas. E, embora isso seja correto, a realidade é que os benefícios desta tecnologia vão além das moedas virtuais. Algumas empresas já recorrem a ela para garantir a autenticidade de seus produtos e evitar que seus bens sejam falsificados. A norte-americana Ralph Lauren, companhia que vende artigos de luxo em vestuário, casa, acessórios e fragrâncias, começou a adicionar identificações digitais aos produtos. Dessa maneira, basta que o consumidor escaneie a etiqueta com seus telefones celulares e em apenas segundos poderá verificar a autenticidade do produto.
Outro caso paradigmático é o da empresa sul-africana DeBeers, que desenvolve a extração, lapidação e venda de diamantes. Em junho de 2018, anunciou o lançamento de uma plataforma criptográfica denominada Tracr que, durante sua fase piloto, já havia sido capaz de rastrear a origem de 200 diamantes com base em centenas de características. Outro exemplo é o dos fabricantes de carros de alta gama, que também começam aos poucos a incorporar esta tecnologia para rastrear sua autenticidade no mercado secundário. E também de suas peças e acessórios.
Hernán Merlino, especialista em blockchain, conversou com Pulpou e explicou que esta tecnologia "é talvez a mais eficaz que foi produzida até o momento para evitar a falsificação devido às características próprias do blockchain, que é um ambiente distribuído, as cópias estão em todos os lugares, é seguro e os registros que são gravados ali são apenas de leitura".
Dessa forma, acrescentou: "Se alguém quiser modificar algo, o que se tem que fazer é gerar outro registro e dizer que este registro modifica outro registro. Assim, ficariam todos os dados. Se colocarmos uma aplicação que em cada estágio da produção de um bem ou serviço se vá fazendo um registro, um usuário final ou intermediário poderia olhar para trás esse registro e ver qual é a origem do mesmo".
O engenheiro esclareceu que isso é muito simples de fazer e que já se está vendo na certificação de origem de alguns produtos alimentícios. No entanto, destacou que "atualmente, as empresas estão muito ativas no fato de querer ter informações sobre o blockchain, o que poderiam fazer e de que maneira". Ainda –ressaltou- a grande maioria não está aplicando a tecnologia para evitar a falsificação, mas estão sendo feitas as primeiras aproximações.
Guillermo Navarro, sócio do escritório de advocacia Bildenlex, explicou que o uso de blockchain ajuda porque se pode certificar e armazenar a prova do uso e a prova do uso não autorizado, "o que permitiria um duplo fator: primeiro a criação e depois a infração", sugere.
"Embora o blockchain seja um tema na moda, poucas indústrias e profissionais conhecem a fundo seu uso e o aplicam no dia a dia. Nosso escritório -diz- o usa para registrar e para certificar usos não autorizados, assinar contratos, fazer cartas de poder, enviar notificações e realizar proteção de conteúdos", afirma Navarro.
Por último, destacou que esta ferramenta "é mais uma solução dentre todas as que existem no mercado mas é a que permite muita permanência no tempo devido ao seu tipo de tecnologia descentralizada". Concluindo, sintetizou: "Creio que os que usarem essas ferramentas vão ter uma diferença notável com os que não as usarem".
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